No jargão esportivo brasileiro o termo “cavalo paraguaio” é usado para designar um atleta ou time que tenha um bom desempenho no início de uma competição, mas que com o passar dos jogos apresente queda de rendimento, até ser ultrapassado pelos demais competidores. No entanto, a palavra não pode ser empregada para o GM José Fernando Cubas, que esteve impecável do começo ao fim no II Aberto do Brasil de Maringá.
Campeão da primeira edição da competição, em julho do ano passado, vencendo todas as sete partidas disputadas , o enxadrista paraguaio ganhou novamente o torneio neste ano. Com nada menos que oito vitórias seguidas e um empate na última rodada, Cubas continuou invicto jogando na cidade, defendeu o título e faturou os R$ 4 mil de premiação.
– Me sinto em casa jogando em Maringá. Até o clima da cidade é muito parecido com Assunção [capital do Paraguai], realmente me sinto muito bem aqui – afirmou o campeão, que disse não estar esperando uma performance tão positiva no torneio.
Às vésperas de embarcar para Istambul, na Turquia, onde irá representar o Paraguai nas Olimpíadas de Xadrez, José Fernando Cubas está motivado e com fome de xadrez.
– Eu quero jogar com os caras mais fortes que você puder imaginar. Não quero fugir, quero jogar com a elite, seria realmente uma honra – garante.
Independentemente dos resultados Olímpicos, o nome do Grande Mestre paraguaio José Fernando Cubas já está registrado na história do xadrez maringaense.
Humildade: a marca registrada do campeão
O xadrez apresentado pelo GM José Fernando Cubas em Maringá só não é maior que a humildade do paraguaio, cujo carisma e atenção dispensados a todo o público presente no ginásio da AFMM se tornaram uma marca registrada ainda maior que as vitórias conquistadas.
O Grande Mestre atendeu a todos os pedidos para fotos e autógrafos durante o torneio, conversava com todos e dava verdadeiras aulas durante as análises no fim da partida. A lembrança mais carinhosa de Cubas, no entanto, ficou para a jovem enxadrista Amanda de Oliveira Mazaron, de Apucarana.
Ano passado, Amanda estava em Maringá com a mãe no Aberto do Brasil de Maringá quando conheceu o GM José Fernando Cubas. Entre uma foto e outra com o enxadrista, veio o pedido de uma partida amistosa, prontamente aceita pelo paraguaio, disposto a realizar o desejo da menina em jogar contra um Grande Mestre Internacional. Durante o jogo, Cubas instigava Amanda a raciocinar e escolher os melhores movimentos, enquanto ele próprio brindava o público presente com algumas histórias de sua carreira enxadrística.
Neste ano, a enxadrista de Apucarana competiu no II Aberto do Brasil de Maringá. A tão esperada revanche com o Grande Mestre, se não veio durante o torneio, aconteceu no fim dele, há poucos minutos da cerimônia de premiação. Desta vez, a partida teve muito mais expectadores, e sem dicas.
– Não pode dar palpite, isso é muito feio! – censurou Amanda, quando um enxadrista na torcida indicou um lance a ela.
A partida, que começou em uma abertura Ruy Lopez, terminou em tablas. Após a menina recusar inúmeros pedidos de empate – assim como fizera no ano passado -, o Grande Mestre cordialmente criou uma situação de empate teórico.
Celebridades
Enxadristas não estão entre os maiores ídolos esportivos que uma criança pode ter. No entanto, uma cena curiosa marcou o último dia do II Aberto do Brasil de Maringá. Conforme a 9ª rodada chegava ao fim, crianças e adolescentes que participavam da competição pegaram os tabuleiros de papel usados em parte das mesas durante o torneio e correram atrás de alguns dos principais nomes do xadrez presentes na cidade para pedir fotos e autógrafos.
Os mais assediados pela garotada, logicamente, foram os Grandes Mestres José Fernando Cubas, Krikor Sevag Mekhitarian e Sandro Fábio Mareco. Nem mesmo o ídolo local, o MF Jomar Egoroff – que não competiu no II Aberto do Brasil de Maringá por estar envolvido com a organização do torneio -, foi poupado pelos fãs. Na confusão, sobrou até mesmo para alguns enxadristas sem título, como o catarinense César Hidemitsu Umetsubo (2º lugar geral) e o mineiro João Paulo Cassemiro Marques (10º lugar geral), que apesar de não possuírem títulos concedidos pela Fide, se destacaram no torneio e não conseguiram sair de Maringá sem antes dar algumas assinaturas.