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Crianças e adultos, enxadristas amadores, toparam o desafio e enfrentaram Gary Kasparov, considerado o maior jogador de xadrez de todos os tempos. No jogo simultâneo, ele mostrou, ao vivo, a genialidade que o transformou, aos 22 anos, no mais jovem campeão mundial de xadrez. Fez a alegria dos fãs. Em média, não levou mais do que três minutos para executar seus movimentos.
Mas alguns desafiantes fizeram Kasparov pensar um pouco mais, e até coçar a cabeça. Um deles foi Saar Drori. Aos oito anos e meio, quase pendurado na mesa, mexeu as peças com a intimidade de quem é o campeão da categoria subnove da sua escola. Depois do jogo, Saar disse que gostou muito de ter enfrentado Kasparov, e que percebeu o inevitável xeque-mate com alguns movimentos de antecedência.
Para o desafiante mais velho, Dan David, de 60 anos, jogar contra o grande mestre internacional foi uma honra. Aos poucos, a mesa montada no palco foi ficando vazia. Aos derrotados, restou o consolo de um autógrafo, um aperto de mão e da sensação de ter participado de uma experiência inesquecível.
Foram quase quatro horas para vencer os 30 oponentes neste jogo-demonstração. Mas há um jogo em que Gary Kasparov ainda não conseguiu dar o seu xeque-mate: o da política russa.
Desde que se aposentou, em 2005, Kasparov dedica seu tempo à política e se tornou um feroz oposicionista de Vladimir Putin. Em 2007, foi preso duas vezes durante protestos contra o Kremlin. Em 2008, candidato à presidência, desistiu antes das eleições, alegando pressão do governo.
Quando perguntei se ele vai concorrer de novo à presidência, Kasparov disse que na Rússia a questão principal não é vencer eleições, mas primeiro ter eleições. “A Rússia não é um país democrático, não tem imprensa livre”, afirmou.
E completou: “Não perco a fé, porque não há outra escolha para ver a Rússia livre e próspera, que não seja derrotar o regime imposto por Vladimir Putin”.