Fora da disputa do II Aberto do Brasil de Maringá por compromissos acadêmicos e profissionais, Gabriel Tortola Flores Vieira vai participar do torneio de uma forma diferente da qual está habituado: longe dos tabuleiros. Comentarista exclusivo do blog Xadrez – Maringá, o atual campeão paranaense universitário de xadrez aponta três favoritos ao lugar mais alto no pódio da competição.
GM Sandro Mareco
GM Mareco: atual vice-campeão argentino é o Nº. 1 na lista inicial do torneio (Foto: Johnny Katayama)
Nascido em Buenos Aires (Argentina) a 13 de maio de 1987, Sandro Fábio Mareco dispensa apresentações entre os enxadristas do Paraná, tendo disputado os Jogos Abertos do Paraná defendendo a equipe de Campo Mourão, o hermano de 25 anos é o atual número um na lista inicial do II Aberto do Brasil de Maringá.
“O GM Mareco tem que estar na lista de favoritos. Além do ELO [2589 pontos até o início do torneio] e dos últimos resultados, como no Campeonato Argentino de Xadrez, ele tem bom retrospecto contra enxadristas brasileiros”, analisa Tortola.
O argentino, que aprendeu a movimentação das peças de xadrez com o pai, aos 5 anos, decidiu investir na carreira de enxadrista profissional após terminar os estudos. A escolha provou-se acertada: o ELO Fide do jogador, que era de 2191 em janeiro de 2005, chegou a 2289 um ano depois.
Daí em diante ele não parou mais. Ganhou o título de Mestre Internacional em 2008 e foi nomeado Grande Mestre em 2010, ano que novamente ficou marcado por um grande salto de ELO: em seis meses, os 2527 pontos registrados em julho subiram para 2628 em janeiro de 2011.
Neste ano, o grande desafio de Sandro Mareco já tem data e local marcados: entre os dias 27 de agosto a 10 de setembro, ao lado dos hermanos Martín Lorenzini, Fernando Peralta e Diego Flores, ele vai defender a Argentina nas 40ª Olímpiada de xadrez, em Istambul, na Turquia. O II Aberto do Brasil de Maringá será uma espécie de avant-première do que o vice-campeão argentino é capaz.
José Fernando Cubas
O campeão da primeira edição Aberto do Brasil de Maringá é presença garantida em praticamente qualquer lista de favoritos deste torneio. Ano passado, José Fernando Cubas apenas esperava a homologação do título de Grande Mestre quando veio à cidade participar do torneio. Com um estilo arrojado e a obsessão pela vitória, o paraguaio deixou pelo caminho enxadristas como GM Giovanni Vescovi, GM Alexandr Fier e GM Everaldo Matsuura e levou o ouro com impressionantes 100% de aproveitamento.
“Ele foi campeão com 7 vitórias em 7 partidas no ano passado. Jogar em uma cidade onde ele nunca perdeu pode motivá-lo”, acredita Tortola.
Nascido em Assunção (Paraguai) a 9 de abril de 1981, José Fernando Cubas aprendeu o movimento das peças com o pai, aos 7 anos de idade. Com 10 anos, em 1991, participou do primeiro torneio internacional, um campeonato sub-10 em São Paulo. Mesmo sendo campeão paraguaio da categoria, ele terminou a competição em último lugar, tendo perdido todas as sete partidas disputadas.
O ano de 2006 foi decisivo para a carreira enxadrística de Cubas, que pensava ter alcançado o auge da forma no esporte e já pensava em parar de jogar. No entanto, foi convocado para representar o Paraguai nas Olimpíadas de Xadrez de Turim, na Itália. O desempenho na terra da bota foi tão bom que lhe rendeu duas normas de Grande Mestre e ânimo renovado para continuar a evoluir.
Uma das histórias mais deliciosas da carreira do paraguaio se deu no Brasil, em um torneio entre dois times: um formado por destaques do xadrez brasileiro contra um selecionado de enxadristas da América do Sul. Às vésperas do torneio, o Grande Mestre peruano Julio Granda desistiu de participar, e Cubas foi chamado para substituí-lo. Durante o congresso técnico, os organizadores avisaram aos demais enxadristas sobre a troca. O GM Giovanni Vescovi, sem perceber que o paraguaio estava presente na sala atrás de um banner, declarou que a substituição faria o nível do torneio cair – afirmação corroborada pelo próprio Cubas. No torneio, nas duas primeiras partidas do brasileiro contra o paraguaio – uma convencional e outra de xadrez rápido – Cubas levou a melhor.
José Fernando Cubas também estará em Istambul defendendo o Paraguai na 40ª Olimpíada de Xadrez, ao lado dos conterrâneos Axel Bachmann, Manuel Latorre, Guillermo Vazquez e Paulo Jodorcovsky. Mas, antes disso, o desafio do atual número 2 do Paraguai é manter os 100% de vitórias em Maringá.
Everaldo Matsuura
GM Matsuura: Filho de membro-fundador do Clube de Xadrez de Maringá é um dos candidatos ao título (Foto: Johnny Katayama)
Diz a sabedoria popular que santo de casa não faz milagres. Não é essa a opinião de Gabriel Tortola Flores Vieira. Para o atual campeão paranaense universitário, o GM Everaldo Matsuura, nascido na cidade, pode surpreender no II Aberto do Brasil de Maringá e quebrar a escrita.
“Além de jogar em casa, na cidade que nasceu, o Everaldo está em um ritmo muito bom, jogando torneios regularmente. Ao contrário do Krikor [GM Krikor Sevag Mekhitarian – número 2 na lista inicial e membro da seleção brasileira na 40ª Olimpíada de Xadrez], que está com o foco voltado às Olimpíadas”, avalia.
Filho de Queenti Matsuura, membro-fundador do Clube de Xadrez de Maringá, Everaldo Matsuura nasceu a 1º de outubro de 1970. O pai se encantou pelo jogo dos reis e o rei dos jogos aos 16 anos, quando começou a estudar os princípios básicos do xadrez lendo um livro de um colega da pensão onde morava, em São Paulo. Não demorou para ele se tornar o campeão do pensionato, e desde então nunca mais parou. Ainda hoje, a despeito dos 82 anos, Sr. Queenti ainda pode ser encontrado vez ou outra jogando no Clube de Xadrez de Maringá.
A paixão pelo xadrez contagiou também os filhos. Horácio Matsuura, irmão mais velho de Everaldo, foi bi-campeão paranaense de xadrez, em 1983 e 1984, sendo o enxadrista mais jovem a vencer o torneio, com 18 anos e três meses. Frederico Matsuura, outro irmão, é o campeão paranaense de 1989 e foi nomeado Mestre Fide em 2010. No entanto, foi o filho mais novo, Everaldo, quem decidiu jogar xadrez profissionalmente.
Os resultados justificaram a escolha. Em 1991, aos 21 anos, Everaldo Matsuura sagrou-se campeão brasileiro de xadrez. Foi nomeado Mestre Internacional em 1995 e teve o título de Grande Mestre homologado em 2011. Ano passado, o maringaense foi o vice-campeão do Aberto do Brasil de Maringá, com 6 vitórias em 7 partidas – a única derrota foi para o paraguaio GM Cubas, o campeão invicto. Neste ano, o desafio é repetir a boa campanha da edição anterior do torneio e novamente lutar pelo título.
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