Com a finalidade de promover e difundir a vivência da modalidade esportiva, está sendo realizado o Circuito de Xadrez Xeque-Mate 2023.
As competições, organizadas com fins educativos e sociais, reforçam a construção da cidadania e os ideais do movimento olímpico, dentro da cultura da paz e do fair-play (jogo limpo).
Cerca de 2.500 estudantes-atletas já participaram das primeiras duas etapas do torneio. As partidas são marcadas por momentos de concentração, estratégia e aprendizado mútuo.
Extremamente dedicado, Paulo Virgilio Rios Rodriguez, diretor da Federação Paranaense de Xadrez (FEXPAR), comenta como a sua trajetória pessoal foi marcada pelo desporto:
“Desde criança, eu tenho muita afinidade com o xadrez, principalmente pela interferência do meu pai, que treinava. Quando os jogos acabavam, eu esperava minha mãe no Clube de Xadrez, então, era meu tempo livre. Tenho a oportunidade de ver como o xadrez muda positivamente o meu filho e, aquilo que é bom, queremos para quem está perto de nós. Meu desejo é que todos encontrem seus benefícios, sejam eles sociais, cognitivos ou culturais”.
O treinador Master FIDE Bolivar González destaca a importância dos encontros para aquisição de experiência e sociabilização:
“Quando a aula é na escola, o universo é menor, com os amigos. Quando a interação é com outras pessoas, em torneios que reúnem mais de mil participantes, é possível ter uma visão macroscópica do xadrez. O estudante percebe que há um universo maior e que pratica um esporte que muitos praticam.”, explicar Bolivar.
O enxadrista ainda aproveita a oportunidade para dar dicas aos participantes, que podem fazer a diferença no resultado da partida:
“É preciso estar focado, não olhar para os lados, não dispersar, lembrar que o mais importante é ficar atento. Cuidar com o relógio também é fundamental porque perdem-se pontos ao esquecer de pausar o tempo. Outra dica muito prática é observar os lances dos colegas e cuidar do rei, já que é possível perder em apenas dois lances.”, explica.
Grande referência no xadrez mundial, o Master FIDE Adwilhans participa de vários campeonatos como entusiasta, acompanhando a filha. De origem humilde, conheceu o esporte aos doze anos na biblioteca do Parque Barreirinha. Quando começou a fazer aula no Clube de Xadrez, passou a ter contato com o jogo de competição.
“Eu sou de uma família muito pobre, então, ir a um torneio era algo completamente improvável. Passava uma kombi da prefeitura e levava as crianças para competir. Meu primeiro campeonato foi no Sesc e, posteriormente, comecei a disputar em eventos cada vez maiores. Cheguei a jogar no pan-americano brasileiro e tenho o título de Mestre da Federação Internacional de Xadrez”, afirma.
Adwilhans ainda lembra da infância difícil: a mãe diarista, quatro filhos criados sem o pai, e como o desporto abriu suas portas para o mundo:
“Passei a conhecer espaços que eu nem imaginava que existiam porque, quando somos muito pobres, não temos horizonte, não enxergamos longe. Passei a querer buscar esse mundo e acabei conseguindo. Tenho uma gratidão enorme pelo xadrez, é realmente muito importante na minha vida.”
Os estudantes-atletas Mariana Deleuze Balloni, do Colégio Marista, e Christian Eduardo R. Diaz, do Colégio Positivo Júnior, são iniciantes em competições. De modos diferentes, encontraram a paixão pelo xadrez. Mariana, por exemplo, começou a jogar influenciada pelo pai:
“Eu aprendi que precisa prestar atenção. Se a gente fica muito frustrada, pode distrair o equilíbrio da mente e perder. É a segunda vez que participo e aprendi a ficar mais segura.”, diz.
Já Christian Eduardo R. Diaz aproximou-se do xadrez por um aplicativo de celular e, depois que conheceu o jogo de tabuleiro, o interesse pelo esporte tornou-se ainda maior. Com 12 anos, ele participou dos Jogos Escolares e, agora, está no Circuito Xeque-Mate:
“Eu estava procurando jogos novos no celular e apareceu o de xadrez, achei legal. Depois, pedi o de verdade. O que eu mais gosto é de pensar nas estratégias e aprender mais lances; mudou meu raciocínio lógico.”, afirma.
O sucesso de todas as etapas do evento reflete o crescente interesse das escolas em incluir o xadrez em suas atividades curriculares ou extracurriculares, assim como a visibilidade que ganhou nos últimos anos:
“O interesse das crianças inicia-se pela brincadeira. Quando começam a sair do ambiente das comunidades, onde não há oportunidade de vivenciar esse mar de estrategistas, ficam empolgadas. É muito motivador”, conta a professora Adriana Salom Filippetto, da Escola Municipal Augusto César Sandino.
Na Escola Municipal Professora Maria de Lourdes Lamas Pegoraro, o xadrez é ensinado em sala de aula e, no contraturno, as crianças passam a treinar na Unidade de Educação Integral, que faz parte da instituição:
“Nossos estudantes-atletas vêm para os circuitos para colocarem em prática o que aprendem na escola. Não podemos deixar de lembrar a importância da Prefeitura de Curitiba e do apoio da Secretaria Municipal da Educação porque, sem o transporte e os lanches oferecidos, nossa participação seria inviável, completa Paulo Roberto, professor da Escola Maria de Lourdes Pegoraro.
Emocionado, o presidente da FEXPAR, Paulo Virgilio Rios Rodriguez, avalia como os eventos são motivadores:
“Em algum momento, já tentei tirar o xadrez de mim, mas talvez ele não queira sair. Confio nos benefícios que essa atividade proporciona porque é visível como transforma vidas. Vemos idosos, crianças, pessoas distintas e de diferentes idades, então faltam palavras até para medir isso. É a importância de manter o xadrez vivo.”, finaliza.
As próximas etapas do evento, realizadas em parceria com o SESC (Serviço Social do Comércio), a FEXPAR (Federação de Xadrez do Paraná) e a Paraná Esporte, seguem até o final do ano, nos dias 23 de setembro, 28 de outubro e 2 de dezembro. As inscrições estão abertas ao público e devem ser realizadas antecipadamente, pelo site Xadrez Suíço. As vagas são limitadas: xadrezsuico.fexpar.com.br
Reportagem e assessoria de comunicação: Ana Reimann (ana@anareimann.com.br)